Após um ano lidando com diversas barreiras que dificultaram a entrada dos equipamentos com tecnologia TV White Spaces no Brasil, o Instituto Nupef começou a fase de testes dessa tecnologia que será utilizada na floresta amazônica. O programa Building Opportunities/Leveraging Technologies Grant Program, da Internet Society,  está apoiando o Nupef na implantação de um piloto na Terra Indígena Caru, na fronteira entre Maranhão e Pará, nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. A tecnologia vai possibilitar ampliar e fortalecer a qualidade e segurança da conectividade na região.

Para o coordenador de tecnologia do Nupef, Rodrigo Troian: “é uma iniciativa inovadora, uma vez que o Nupef vai acessar uma tecnologia ainda muito pouco usada mesmo em nível internacional e terá a oportunidade de estudar o seu funcionamento, testá-la e implementá-la em comunidades tradicionais". Troian destaca também que é uma oportunidade de desenvolvimento de pesquisas para compreensão exploratória de equipamentos e novas formas de operá-los. "Poderemos compartilhar esse conhecimento com poder público, reguladores e outras organizações da sociedade civil e movimentos sociais, de modo que possamos utilizar mais amplamente essa solução para fortalecer a conectividade na Amazônia”, diz o coordenador.

Testes - A etapa de testes de bancada envolve a junção dos equipamentos de TVWS com a infraestrutura de energia solar, dos roteadores, computadores de monitoramento, servidores com os hardwares que foram preparados para serem analisados durante os testes. Todos os equipamentos são ligados, garantindo conectividade e comunicação entre eles. O objetivo nessa fase é descobrir equipamentos e ferramentas necessários para fazer a instalação de todo o sistema na comunidade para onde a tecnologia será levada. Os testes estão acontecendo no Distrito de Mosqueiro, em Belém (PA).

Foi montada uma base na beira do rio onde chega o link da internet. Foram criados dois pontos – um fixo e um móvel – e feitos testes de estabilidade para compreender como a conexão acontece, o que a favorece e o que a desfavorece. Com o ponto móvel, é possível testar diferentes pontos da ilha, incluindo áreas de floresta densa. O objetivo é compreender como a tecnologia se comporta e o que ela de fato oferece. “Esta etapa de teste é fundamental para que a equipe esteja preparada para implementar os equipamentos na comunidade e compartilhar as orientações de uso e manutenção básica com as lideranças locais”, destaca Troian.

A próxima etapa será a de implementação, que será feita na Terra Indígena Caru, em parceria com lideranças do Guardiões da Floresta, grupo já parceiro do Nupef. As lideranças vão acompanhar a equipe na instalação do rádio principal (estação base) na sede dos Guardiões da Floresta, espaço físico onde já existe um link de internet e uma Rede Comunitária instalada pelo Nupef. O objetivo dessa base é que ela possibilite a conexão em pontos distantes, que são os centros de trabalho dos Guardiões, geralmente localizados dentro das florestas ou nas margens do rio. Com o sistema TVWS, o foco é garantir que a partir da base seja possível transportar a conexão para dentro da floresta. Por fim, virá a etapa de monitoramento, que ocorrerá ao longo do ano.

Para a realização do experimento, o Nupef firmou parceria com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, Automação e Eletrônica (LASSE), um espaço acadêmico formado por professores e alunos da Universidade Federal do Pará, voltado para a criação de tecnologias inovadoras que beneficiem tantos os estudantes quanto à comunidade.