Jovens quilombolas apresentam resultados de formação promovida pelo Nupef e pela CONAQ
Emoção e entrega marcaram as apresentações finais feitas pelos(as) jovens bolsistas do projeto Estratégias de Comunicação e Resiliência em Territórios Quilombolas, realizado pelo Instituto Nupef, em parceria com a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ). Desde janeiro de 2023, 10 jovens, moradores(as) de comunidades quilombolas do Piauí e do Maranhão, participam de um processo de formação em tecnologia, comunicação e direitos humanos. Na terça-feira (13/11), em formato on-line, a turma teve a oportunidade de apresentar uma síntese das aprendizagens vividas ao longo do curso e de mostrar como esses conhecimentos estão fortalecendo sua atuação comunitária. As atividades do projeto serão finalizadas oficialmente no dia 05/12, com uma cerimônia online de certificação.
Divididos em duplas, os(as) jovens prepararam apresentações temáticas sobre os conteúdos trabalhados durante as aulas. Privacidade de dados, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); histórico e importância das rádios comunitárias; riscos da Internet e caminhos para se proteger de ataques cibernéticos, assédio online etc.; os impactos da concentração midiática e a importância das redes comunitárias para fortalecer os territórios quilombolas foram alguns dos temas trazidos pelos(as) jovens.
Para Marcos Conceição dos Santos, morador do quilombo Tapuio, na cidade de Queimada Nova (PI), o projeto trouxe importantes contribuições para o desenvolvimento pessoal e coletivo dos(as) jovens. “Aprendemos muito sobre redes comunitárias, como instalar, o que é um roteador, como fazer o mapa do território, como administrar uma rede comunitária. Mas, o projeto, não foi só sobre isso. O projeto tratou de coisas que acontecem no nosso país. Falamos sobre movimentos de comunicação e direitos digitais. Hoje, nós sabemos o que podemos e o que não devemos fazer nas redes sociais. Tivemos grande aprendizagem. Para continuar, nós temos que continuar aprendendo e repassando para o que não estiveram no curso”, comentou Marcos.
Maria Rita de Sousa Lima, do quilombo Custaneira, em Paquetá (PI), recorreu à poesia para sistematizar o seu percurso: “Existem vários meios de comunicação. Telefones, internet, teatro, arte, cinema. Mas, hoje vou me comunicar através desse poema. A internet nos ajuda com informações. Faz parte do nosso cotidiano. Está presente na educação. Mas, quando usamos de forma errada, vira uma grande confusão. Devemos usar a internet de forma segura e consciente. Compartilhando o que é real, para não deixar a sociedade doente. Pois, uma informação falsa adoece muita gente”.
Para o Coordenador Executivo de Juventude Quilombola (CONAQ), Celso Pacheco, a internet - como aponta o poema da jovem - é fundamental para fortalecer as comunidades quilombolas, porém tão fundamental quanto é o seu uso crítico e consciente. “Usamos a internet para pedir socorro, para denunciar as atrocidades que acontecem em nossos territórios. Usamos a internet para falar com nossos parentes distantes. Acesso à internet é um direito e precisamos que ele seja garantido para as comunidades quilombolas. Porém, precisamos saber lidar com a internet. Esse projeto foi muito importante para aproximar diferentes comunidades quilombolas, para contribuir com a leitura crítica das e dos jovens. Foram conhecimentos de várias dimensões, não se restringiu apenas ao acesso à internet. Fomos muito além”, celebrou Celso.
A Diretora de Desenvolvimento Institucional do Instituto Nupef, Oona Castro parabenizou a todos(as) pelas apresentações consistentes e bem elaboradas e ressaltou a importância do projeto para fortalecer a atuação da organização. “Essa foi uma experiência nova para o Nupef. Aprendemos muito com todos os jovens, com a CONAQ, com o Intervozes e os demais parceiros. É emocionante ver as apresentações e perceber a partir dos relatos dos e das jovens a potência do que construímos juntos e juntas”, ressaltou Oona.
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