A resenha que Oona Castro e Helena Aragão apresentam do processo político que culminou no ataque às principais estruturas do governo federal em Brasília em oito de janeiro de 2023 é reveladora da extensão com que grupos organizados articularam-se utilizando todos os recursos oferecidos pelas redes sociais para mobilizar os aderentes ao bolsonarismo em torno de um novo golpe empresarial-militar. A presença maciça de beligerantes no ataque de Brasília foi amplamente financiada por vários setores empresariais, que já vinham apoiando os piquetes (apoiados por militares) nas portas dos quartéis desde que o bolsonarismo desatou uma campanha contestando a lisura do sistema eletrônico de votação.
Os autores Rodrigo Firmino e Fernanda Bruno analisam as circunstâncias em que uma agenda de resistência às consequências culturais, sociais e políticas do colonialismo (uma agenda decolonial, segundo o conceito detalhado por Anibal Quijano) para os países latinoamericanos foi construída por estudiosos, ativistas e artistas associados à Rede Latino-Americana de Estudos de Vigilância, Tecnologia e Sociedade (LAVITS). O trabalho da rede sempre se beneficiou do pensamento crítico formado no campo dos estudos de vigilância com contribuições cruciais vindas da Rede de Estudos de Vigilância e da Surveillance & Society nos últimos vinte anos.
Serene Lim faz uma resenha da evolução e estado atual da Internet em um contexto de dominação de plataformas por transnacionais tecnológicas, em relação à violência online baseada em gênero. Nas palavras de Lim, "nossa identidade social, ou seja, de classe, gênero, orientação sexual, etnia, religião, capacidade corporal etc, ainda dita nossa capacidade de aceder a espaços digitais e a qualidade de nosso envolvimento nesses espaços".