Editorial
O Instituto Nupef tem procurado acompanhar o panorama de riscos de segurança da Internet, particularmente em função de manter um projeto de serviços Web sem fins de lucro orientado a organizações da sociedade civil (o Tiwa) e atuar na implantação de redes comunitárias, além de manter uma presença histórica no debate internacional de governança da Internet.
O Brasil é hoje bem servido em estruturas de atendimento a incidentes. Uma lista atualizada em abril de 2021 inclui 34 grupos de resposta a incidentes de segurança dedicados ao monitoramento e proteção a setores ou redes específicas, ou de caráter mais amplo, como o CERT.br, mantido pelo NIC.br, ou o CAIS/RNP (em parceria com 15 centros acadêmicos de atendimento a incidentes), dedicado a responder a incidentes no âmbito da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Mundialmente a rede de centros de resposta é muito grande e diversificada. Só na União Europeia há mais de 640 entidades-membros da rede de CSIRTs.
Este número da poliTICs inclui uma resenha produzida originalmente pelo CERT.br para o Encontro NETmundial, adaptada e atualizada para esta publicação com autorização dos/as autores/as originais.
Publicamos também uma resenha produzida por Access Now sobre o avanço das técnicas da chamada "realidade estendida" (RE), que motivam uma corrida das principais operadoras de plataformas sociais em busca de novas ofertas de serviços imersivos. Ao lado de possíveis impactos positivos, a RE apresenta riscos ampliados para os direitos humanos, especialmente pelo potencial de captura de dados em tempo real em novo patamar, aprofundando os riscos de violação da privacidade. Para agravar ainda mais o cenário, as regulações de proteção existentes estão longe de alcançar as possibilidades dessas novas técnicas.
Finalmente, a professora Meredith Whittaker alerta para a proliferação da inteligência artificial (AI) mais estimulada pela profusão de dados disponíveis do que por avanços nos algoritmos. O controle pelas grandes empresas de tecnologia sobre o uso da AI torna os principais centros de desenvolvimento dependentes dessas empresas, orientando o avanço tecnológico segundo regras impostas por elas -- uma reprodução da influência militar sobre a pesquisa científica durante a Guerra Fria.