Na última quarta-feira (19/06), foi realizada uma sessão solene no plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, para marcar os 35 anos da designação do domínio de Internet do Brasil (o .br), um dos mais populares domínios de topo para código de país (ccTLD ou “country-code Top Level Domain”). Proposta pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP), a sessão especial reforçou a importância do .br e o papel do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) na construção de uma Internet segura e inclusiva.

O evento reuniu pioneiros da Internet no país, entre eles, o diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, o secretário executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Hartmut Glaser, o cientista de redes, Michael Stanton e o diretor executivo do Instituto Nupef, Carlos Afonso, o c.a. Também estiveram presentes na sessão solene, a coordenadora do CGI.br, Renata Mielli; o diretor de serviços e tecnologia do NIC.br, Frederico Neves; o diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Propriedade Intelectual do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Luciano Mazza; o Secretário da Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), João Brant; um dos representantes da Comunidade Científica e Tecnológica no CGI.br, conselheiro Marcelo Fornazin; o diretor-presidente da ANPD, Waldemar Gonçalves Ortunho Júnior e o representante da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), Wilson Jabur.

A sessão contou ainda com a presença dos representantes da Coalizão Direitos na Rede (CDR) no CGI, Bia Barbosa e Rodolfo Avelino, e representantes de organizações que - assim como o Nupef - fazem parte da CDR: Paulo Rená (IRIS/Aqualtune Lab), Pedro Perdigão (Grupo de Pesquisa Ioda) e Maria Mello (Instituto Alana).

Pioneirismo - Segundo c.a., o evento foi uma homenagem à iniciativa brasileira de governança da Internet, pioneira no mundo, com a criação do CGI.br, que completará 30 anos em 2025. Em sua fala, c.a. destacou que o CGI.br foi uma iniciativa multissetorial de governança que há 15 anos aprovou por consenso de todos os seus membros os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet. “Esse decálogo também foi o primeiro do mundo em sua natureza, e serviu de base conceitual para a elaboração do Marco Civil da Internet (promulgado como Lei 12.965) - uma iniciativa pioneira do Brasil, que celebrou 10 anos em 23 de abril de 2024”, destacou o diretor executivo do Nupef.

Quer saber mais sobre a história do .br? Confira a entrevista com c.a., que é referência no campo da Internet e direitos humanos e atua na área desde 1970. Clique aqui (https://youtu.be/0qvfkkdQn10) para assistir o vídeo e leia a entrevista na íntegra abaixo!

Qual a história dos domínios de topo para código de país? Como tudo começou?

C.A. - Em 1983, John Postel, Paul Mockapetris e outros, motivados pelo crescimento acelerado da rede de pacotes baseada em endereços numéricos que já tinha ganho o nome genérico de Internet, criaram o DNS, que associa endereços numéricos de dispositivos na rede a nomes. Os nomes também requeriam uma lógica de formação, e em 1984 foram criados os primeiros sete nomes de domínio genéricos de topo (gTLDs), incluindo .com, .net, .org e .gov, inicialmente como domínios dos EUA - mas depois .com, .net e .org passaram a ser adotados  como genéricos internacionais, sendo administrados por entidades privadas. Em 1985, o primeiro domínio de topo de país (ccTLD) foi registrado: o .us, seguido do .uk e do .il. A administradora internacional de todos os domínios de topo, com a atribuição de delegar esses domínios a administradores internacionais ou de países, foi aprovada pelo governo dos EUA em 1998 (ICANN). Hoje, a ICANN supervisiona 1241 gTLDs, incluindo domínios de topo de empresas, como .ibm ou .amazon.

Quantos domínios de topo de país existem no mundo?

C.A. - Há mais de 300 domínios de topo de país (ccTLDs) delegados pela ICANN -- isso inclui os domínios no formato latino de duas letras da ISO e traduções internacionalizadas nos idiomas locais. O .br foi registrado em 18 de abril de 1989.

O que caracteriza o .br em comparação com outros domínios de topo de países?

C.A. - O .br é administrado por uma registradora sem finalidade lucrativa, o NIC.br, tal como o .ca do Canadá (administrado pela CIRA). Assim como o .ca do Canadá, o .br é considerado a identidade do país na Internet - só podem registrar domínios .br (ou .ca) os residentes e cidadãos do país. Exemplos de domínios de topo operados comercialmente como .tv (Tuvalu) ou .co (Colômbia) permitem que entidades ou pessoas de qualquer país registrem domínios nesses ccTLDs. A administração do .br, originalmente feita pela Fapesp, passou ao NIC.br (entidade civil sem fins de lucro de direito privado) em 2005. O NIC.br é o braço administrativo do CGI.br, o comitê multissetorial de governança da Internet no Brasil criado em 1995.