Nota de pesar pelo falecimento de dona Maria de Jesus Bringelo
É com imenso pesar que o Instituto Nupef recebe a notícia do falecimento de dona Dijé, a Maria de Jesus Bringelo, mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu.
Tivemos a oportunidade de conhecer a força e luz de d. Dijé em um encontro em São Luis, em dezembro de 2017, quando iniciamos um diálogo sobre a criação de redes comunitárias de comunicação em comunidades das quebradeiras de coco babaçu.
Dona Dijé era uma grande liderança entre as quebradeiras, um símbolo de coragem e resistência. Sob ameaças há bastante tempo em decorrência de sua luta pelos direitos das mulheres, dos quilombolas, dos indígenas, por comunidades tradicionais e pelo acesso livre ao território, o coração não aguentou e d. Dijé faleceu vítima de infarto fulminante.
Dois dias antes, d. Dijé havia sido empossada no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais e dado a seguinte declaração: “A gente sonhou tanto tempo com este momento e hoje agradeço por estar acordada vivendo este grande dia”. É, d. Dijé, que bom que a senhora estava acordada vivendo esse dia tão importante para os povos tradicionais - sua vida e luta serão honradas por esse movimento tão forte e vivo que é o das quebradeiras de coco babaçu, quilombolas e indígenas.
O Instituto Nupef solidariza-se com a família e as companheiras de luta de d. Dijé neste momento de dor e de tristeza, na certeza de que as sementes por ela plantadas produzirão frutos bonitos e resistentes. Seguimos juntos nessa luta.
Abaixo, a nota de pesar do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu.
Uma mãe palmeira se despede
A notícia que não queríamos dar...esta noite perdemos uma grande mulher,
mãe, avó, liderança faleceu de infarto fulminante dona Maria de Jesus
Bringelo, dona Dijé. Mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu,
um referencial como ser humano e para a luta dos povos e comunidades
tradicionais. Uma profunda tristeza invade os nossos corações e custamos a
acreditar que não mais compartilharemos de seu sorriso, de sua adorável
companhia do seu jeito firme e suave de se posicionar. Ficam a história, o
aprendizado e o exemplo quem sempre lutou pelos direitos das mulheres, dos
quilombolas, dos indígenas, dos pct´s. De quem sempre lutou pelo acesso
livre ao território. Como ela mesma falava “Nós queremos o território para
nascer, viver, germinar e morrer”. E foi assim, no quilombo Monte Alegre que
ela se despediu. Nós e as florestas de babaçuais sentimos a sua falta. Segue
Mãe Palmeira teu caminho. Tua trajetória foi vitoriosa e teus ensinamentos
já fizeram e reforçaram a luta pela liberdade e dignidade dos povos.
Dijé presente!
Com pesar Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu