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Jovens monitores do projeto Territórios Resilientes e Conectados implementam rede comunitária no Quilombo Camaputiua

Implementação de rede comunitária em Capamaputiua

Partilha de saberes e diálogo intergeracional para contribuir com o fortalecimento dos territórios. É o que melhor define o processo de implementação da rede comunitária no Quilombo de Camaputiua, no município de Cajari, no Maranhão. Realizada nos dias 27 e 28 de agosto, a ação marcou a primeira instalação feita por jovens monitores do projeto Territórios Resilientes e Conectados. Os jovens colocaram em prática o conhecimento adquirido ao longo dos projetos que participaram inicialmente como bolsistas e agora como monitores. Contaram com suporte remoto da equipe de tecnologia do Nupef e acompanhamento presencial da assessora de projetos da instituição.

Para Douglas Barbosa, do Quilombo Itaperinha/Tutoia (MA), um dos jovens monitores que estiveram presentes na implementação da rede em Camaputiua poder compartilhar o que aprendeu foi uma grande responsabilidade: “Estamos fazendo um trabalho que é muito importante para a gente como ser humano e para as comunidades. A experiência de montar uma rede comunitária é uma responsabilidade muito grande e uma honra. Espero tá fazendo um bom trabalho, repassando os conceitos para os nossos companheiros e companheiras de luta”.

Douglas e Francisco Campelo, do quilombo de Santa Joana (MA), foram responsáveis por fazer a montagem e a instalação dos roteadores em pontos indicados pelas lideranças comunitárias de Camaputiua, garantindo que 10 famílias possam utilizar a rede. Carol Magalhães, assessora de projetos do Nupef, acompanhou os jovens na ação e destacou o quanto foi gratificante vê-los atuando com muito respeito com a comunidade, com escuta, tranquilidade e parceria. “Esses são princípios da formação que o Nupef realiza nos territórios e ver essa multiplicação nos enche de orgulho”, comentou Carol.

Essa mesma alegria foi compartilhada com Dona Maria do Rosário Ferreira, liderança comunitária do Quilombo Três Marias dos Jardins/Bom Jesus e uma das bolsistas do projeto. “Fiquei muito empolgada de sentir a empolgação dos jovens bolsistas e ver o quanto eles se doaram para fazer o trabalho e ver a forma como eles conduziram foi muito emocionante pra nós. Foi tudo feito com muito amor. Nós nos sentimos apropriadas dessa rede comunitária de comunicação”, partilhou.

Implementação de rede comunitária em Capamaputiua

Resiliência - Líder comunitário de Camaputiua e um dos bolsistas do projeto Territórios Resilientes e Conectados, Cabeça (Ednaldo Padilha) destacou que as redes comunitárias são fundamentais para fortalecer a resiliência do território e a luta quilombola. “Estamos muito felizes com a chegada dessa Rede Comunitária em nosso quilombo. Ela é muito importante para fortalecer o território, para aumentar a nossa proteção. Nosso sonho é que cada vez mais outros quilombos possam ter uma rede também”, ressaltou Cabeça.

Essa expansão também é um desejo de Ribamar Ferreira Costa Filho, do Quilombo Três Marias dos Jardins/Bom Jesus. “O que estou vivendo aqui é um aprendizado muito grande. Na minha comunidade, o primeiro passo para instalar a rede já foi dado e agora, pelo o que aprendi aqui com Douglas e Francisco, já vou conseguir implementar o restante da rede lá. Os meninos dá um entendimento do que eles sabem pra pessoa de uma forma bem demonstrativa”, comentou Ribamar que teve a oportunidade de acompanhar a implementação em Camaputiua.

Continuidade – O sonho das lideranças quilombolas é o mesmo do Nupef. O coordenador de Tecnologia, Rodrigo Troian explica que é foco da organização ter cada vez mais pessoas locais capacitadas a implementar as redes comunitárias. “Entendemos que pessoas que são do território tem uma capacidade maior de compartilhar conhecimento com as pessoas do território, por isso os jovens – que eram bolsistas no projeto anterior e são monitores no atual – estão indo a campo fazer a implementação. Nosso objetivo a longo prazo é experimentar métodos e maneiras onde as pessoas consigam se apossar das tecnologias para que elas sejam democratizadas, de amplo acesso e que nosso papel seja apenas orientar a utilização dos kits e a implementação das redes comunitárias”, destacou Troian.

Para Zeilane Conceição, que integra o time de tecnologia do Nupef e facilita os módulos formativos do Projeto sobre implementação de redes comunitárias e cuidados digitais, “ver os jovens implementando redes em outros quilombos deixa claro que o conhecimento compartilhado nas oficinas foi realmente apropriado através do contato direto com a manutenção e gestão dos roteadores e demais equipamentos da rede”. Ela comentou também “que isso mostra que a metodologia que adotamos, baseada na construção coletiva e na participação ativa da comunidade, valoriza o saber local na definição de como uma rede comunitária deve ser implementada e depois replicada em outros quilombos pelos próprios jovens. Acredito que essa metodologia tem contribuído não só para a autonomia tecnológica desses territórios, mas também para desenvolver neles um profundo senso de pertencimento e responsabilidade com outras comunidades, indo além de seu próprio território. É o entendimento de como uma rede local apoia outras redes, formando uma grande conexão entre as comunidades, protagonizada por esses jovens”.

Saiba Mais –  Desde 2021, com apoio da Fundação Ford, o Nupef tem fortalecido a parceria com a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) para construção de infraestrutura e ferramentas sociais e técnicas de comunicação para a resiliência do movimento. Desde 2017, com apoio da Ford e da Internet Society Foundation, o Nupef atua com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), na realização conjunta de projetos voltados para a implementação e ampliação de Redes Comunitárias e para a formação de jovens e lideranças. Em 2023, foi realizado o curso no âmbito do projeto Estratégia de Comunicação e Resiliência em territórios quilombolas, apoiado pela Fundação Ford e em 2024 está em curso o projeto Territórios Resilientes e Conectados, que conta com apoio da Internet Society Foundation.

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