Apresentando o Projeto Graúna para nossos pares
Nos últimos dias, tivemos duas oportunidades de apresentar o Projeto Graúna a pesquisadores, especialistas em tecnologia e parceiros da sociedade civil que têm, em comum conosco, uma preocupação com a memória na Internet.
O Graúna surgiu dentro do Nupef a partir da preocupação com a impermanência de conteúdos na Internet e riscos de perdermos - como humanidade - conteúdos preciosos e de enorme relevância social. O primeiro site que arquivamos, ainda em 2018, foi o da Comissão da Verdade.
Logo nos demos conta de que as ameaças eram muitas: ataques a websites da sociedade civil aumentaram, levando organizações a perderem informação produzida ao longo de anos. O último mandato de governo federal apagou muita informação publicada por gestões anteriores e promoveu um amplo processo de migração que levou à significativa alteração dos sites. Projetos culturais importantes, sem financiamento, deixaram de pagar domínios ou servidores e desapareceram. Uma ampla gama de motivos pode levar à perda de publicações.
Em 2020 conseguimos apoio para realizar um projeto mais consistente e resolvemos então desenvolver uma ferramenta para arquivar sites, ao mesmo tempo em que mergulhamos numa metodologia para definir quais seriam as prioridades: arquivamos sites de interesse público para a defesa dos direitos humanos, do meio ambiente, da cultura e da saúde.
No último sábado, durante a Cryptorave, em São Paulo, tivemos oportunidade de mostrar a ferramenta em seu atual estágio de desenvolvimento, com todos os seus avanços e suas limitações. Na segunda-feira, em um encontro virtual, apresentamos o projeto a parceiros que vêm atuando no campo do arquivamento em diferentes frentes, e ouvimos também o que estão fazendo, criando um espaço de intercâmbio entre as iniciativas.
A troca foi bastante rica e aponta para processos de necessário amadurecimento do debate em torno da memória, ações de mobilização em torno de políticas públicas e legislação, além da possibilidade de integração de ferramentas. A ideia é também engajar parceiros interessados em testes e, num futuro próximo, disponibilizar também o código, já que o Graúna é desenvolvido em software livre.
Agradecemos a nossos parceiros nesta empreitada (Pythonic Café, Álvaro Justen) e ao apoio inicial da Open Society Foundation e do Media Democracy Fund. Seguimos com o projeto, agora reenergizados por conversas e feedbacks tão positivos!